quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Recordo agora...


Cláudia Maria de Lima Brito
Quando era ainda pequena vivia numa casa com um grande jardim. A casa era imensa, mas o mais estranho é que me lembro de quase todas as partes da casa, menos do meu quarto. Talvez por passar menos tempo lá. Lembro-me do jardim. Tinha um cedro muito alto, que dava para uma zona de sombra, na qual eu me sentava para brincar. Recordo-me da sala muito ampla, com grandes vitrinas, usadas para guardar copos de cristal e louças de festa.
   Nessa tarde, estava sentada na sombra do cedro, quando a minha mãe chamou por mim e pelos meus irmãos. Reunimo-nos todos na porta principal, que estava semi-aberta. Questionava-me o que se iria passar ali.
   O que aconteceu naquele momento eu iria recordar para a vida inteira. Um cachorrinho entrou na casa e, assustada, saltei para o colo do meu pai. Achava aquela criatura muita estranha, demasiado pequena.
   Com o tempo habituei-me a viver com aquele cachorrinho e, com o passar dos anos, tornou-se o meu melhor amigo.
  Mas surgiram problemas no país e eu e a minha família tivemos de vir para Portugal e não podíamos trazer o cachorrinho.
 Senti-me tão mal no dia em que tivemos de oferecer o cachorro a uma vizinha. Nessa noite, não consegui dormir. Aquela sensação de ficar sem o meu animal de estimação seria para mim a pior de todas as sensações.
   Ainda hoje vejo álbuns de fotografias e vejo o cachorro que eu tive e nunca mais vou poder ter. Era um cão perfeito e o meu melhor amigo.

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